Oferendas para Iemanjá: Locais apropriados, materiais empregados, dias e horas.
Iemanjá é o Orixá feminino da Umbanda a que pertencem os dias de segunda-feira. É o Orixá da calunga grande, isto é, o mar. Este, portanto, é o local em que Iemanjá atua ou, mais precisamente, é o seu “habitat”, digamos assim. Nas segundas-feiras, além de Iemanjá, que é o Orixá dominante, também giram Nanãburuquê e as almas. O símbolo de Iemanjá é a âncora, que representa esperança. Iemanjá, na Umbanda, é assimilada, à Nossa Senhora da Glória, festejada a 15 de agosto de cada ano. Na Bahia, Iemanjá é assimilada à Nossa Senhora dos Navegantes. No Rio, por parte também de alguns umbandistas, Iemanjá é assimilada a N. S. da Piedade. O astro correspondente à Iemanjá é a luz, isto é, o Satélite da Terra, astro esse que domina, portanto, às segundas feiras.
As horas planetárias de Iemanjá, são as seguintes:
Diurnas:
Primeira hora, logo ao nascer do Sol. Oitava hora.
Noturnas:
Terceira hora, após o nascer do Sol e Décima hora.
O local apropriado para as Oferendas à Iemanjá são as praias de mar onde, também, domina Ogum Beira-Mar. Nas praias de mar, outrossim, também atua Iansã, em parte. As pedras rachadas, na verdade, são os locais apropriados para Oferendas à Iansã, bem como as pedreiras com cachoeira.
Muitos e os mais variados são os tipos de Oferendas à Iemanjá e, justamente neste capítulo, darei, com os maiores detalhes, um dos principais. Num dia de segunda-feira, durante o dia ou durante a noite, observando as horas planetárias de Iemanjá, acima indicadas, chega-se a uma praia de mar, onde será feita a Oferenda de que aqui se fala.
Como Ogum Beira-Mar também domina nas praias de mar, será aconselhável que, antes de se preparar e entregar a oferenda à Iemanjá, se preste uma homenagem, embora singela e rápida, àquela poderosa Entidade que é pai Ogum Beira-Mar.
Para isso, é bastante que, logo ao se chegar à praia, se acenda, em homenagem a Ogum Beira-Mar, uma vela branca, de cera, a ele se a oferecendo e pedindo sua poderosa interferência para o melhor êxito do que se vai fazer. Isto feito, então, se cogitará, propriamente dito, da oferenda à Iemanjá, de que estamos tratando.
Numa bandeja forrada de papel de seda azul, coloca-se 7 (sete) cocadas brancas, tipo aranha. A seguir, cerca-se essa bandeja com as cocadas, com 7 (sete) rosas brancas, sem espinhos. Isto feito, enrola-se tudo em papel de seda branco e coloca-se sobre a areia (na parte úmida), na orla do mar, isto é o mais perto do local até onde chegam as ondas. Põe-se, também, mel.
É importante se observar que, antes de se armar a oferenda como acima foi dito, dever-se-á, logicamente, pedir licença para se o fazer. Esta licença, é lógico, deverá ser primeiramente pedida a Ogum Beira-Mar, uma vez que teremos de trabalhar na beira da praia que é, como se disse antes, o local onde domina essa entidade. A segunda licença que se pede será, portanto, à própria Iemanjá. Não há necessidade de palavras especiais nem cabalísticas. Uma simples espécie de conversa (mental ou mesmo em palavras pronunciadas em voz natural) é o que se deverá fazer. Poder-se-á, por exemplo, dizer mais ou menos o seguinte:
Tratando-se de um vote (pede-se o que se quer e se faz a oferenda antes de se receber o que se pede), poder-se-á dizer:
“Mãe Iemanjá! Salve a Senhora! Salve todo o povo do mar! Minha Mãe! Esta minha oferenda à Grande Rainha do mar que sois vóis, é para que me consigais o que eu vós peço (diz-se, então, o que se quer). Aceitai- a, pois, minha mãe e ouvi o meu pedido.”
Tratando-se de uma promessa (já se conseguiu o que queria e, então, faz-se a oferenda), poder-se-á dizer mais ou menos o que se segue:
“Mãe Iemanjá! Salve a senhora! Salve todo o povo do mar! Minha mãe! Esta minha oferenda (ou este meu presente) à Grande Rainha do Mar que sois vóis (ou por vosso intermédio). Agradeço-vos, pois, minha querida mãe Iemanjá!
Obs: Em qualquer desses casos, depois de completar a Oferenda, sai-se de costas, dando-se uns três passos, pelo menos, vira-se de costas, para o mar e vai-se embora. Será bem interessante cantar-se, durante o tempo em que se faz a Oferenda, algum “ponto” de Iemanjá!